Estreantes na cena política, as federações partidárias vão servir para salvar legendas ameaçadas de extinção pela cláusula de barreira. Para a disputa eleitoral de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologou três dessas uniões, que precisam durar no mínimo quatro anos.
A primeira é formada pelo PT, PCdoB e PV e a segunda uniu PSOL e Rede, partidos que apoiam a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. A terceira federação é resultado da junção do PSDB com o Cidadania, que devem fechar acordo com a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Sem dinheiro dos fundos, as legendas têm o funcionamento comprometido, ficam sem direito à propaganda e correm risco de extinção. Neste ano, a exigência é que os partidos elejam ao menos 11 deputados federais distribuídos em nove unidades da Federação. Seria um resultado difícil para bancadas de cinco siglas – PSOL, Rede, Cidadania, PCdoB e PV –, se não tivessem formado alianças.
Com o fim das coligações, que davam uma união provisória e, muitas vezes, motivada por interesses menores, a federação, mal ou bem, prende o partido por um tempo maior”. Vânia Aieta, advogada e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)“Partidos que se aliam nacionalmente terão os votos computados em conjunto para fins de cumprimento da cláusula de desempenho”, afirmou o analista político Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral.“A união em federação auxilia os partidos que não atingiram a cláusula de barreira a sobreviver por meio da junção de recursos”, disse a advogada eleitoral Marina Morais, integrante da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
DECISÕES
Na prática, quem forma uma federação precisa tomar as mesmas decisões nas eleições nacionais, estaduais e municipais. Apesar das identidades ideológicas, os partidos tiveram de se ajustar em alianças regionais. Em alguns casos, a federação provocou até debandadas.
O Cidadania, por exemplo, perdeu o governador da Paraíba, João Azevedo, adversário do PSDB. Ele preferiu se filiar ao PSB. Já a senadora Leila Barros saiu do Cidadania e migrou para o PDT. Pré-candidata ao governo do Distrito Federal, Leila deve concorrer contra o senador Izalci Lucas (PSDB). No PSOL, mais de cem integrantes se desfiliaram.
Na federação formada por PT, PV e PCdoB também houve contratempos. Inicialmente, a ideia era incluir o PSB no grupo, mas a legenda não conseguiu superar diferenças com o PT. Apesar de ter indicado o ex-governador Geraldo Alckmin como vice na chapa de Lula, o PSB não fechou acordo com o PT em São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
Por funcionar como uma agremiação só, a união em federação auxilia os partidos que não atingiram a cláusula de barreira a sobreviver”. Marina Morais, integrante da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep)